terça-feira, 23 de novembro de 2010

Diálogo contra a "falta de informação"


Antigamente as pessoas punham a culpa de tudo na falta de informação. Gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis, vício em drogas, etc. Será que é a falta de informação que leva uma garota de 13 anos a sair de casa para encontrar uma pessoa que conheceu pela internet e nunca viu pessoalmente? Desaparecer durante uma semana e deixar uma família em desespero. Em entrevista a mãe de Gabriele Haccourt de Carvalho que desapareceu na tarde do dia 16 de novembro, em Pinhais no Paraná conta que a filha costumava ficar horas em frente ao computador, e que chegou a ponto de tirar o computador de casa, mas mesmo assim, a garota usava as redes sociais em casa de amigos.
Será que na era digital em que estamos vivendo o velho conselho “nunca fale com estranhos!”, não está mais valendo? O maior medo da mãe de Gabriele era encontrar a filha sem vida, ou que a garota estivesse sofrendo, assim como em tantos outros casos que povoam os meios de comunicação.
Graças a Deus, neste caso a história terminou bem, a adolescente foi encontrada ontem (22) no município de Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba. Gabriele saiu de casa sem avisar, não levou roupas ou documentos e disse a mãe do “namorado” que tinha 17 anos. A mulher ficou sabendo pela mídia do desaparecimento da menina e acionou a polícia.
O que leva os nossos adolescentes a agirem assim? Falta de informação? Me desculpe, mas nisso eu não acredito. A TV, a escola e a própria internet alertam sobre os perigos de se encontrar com amigos virtuais. Falta de diálogo em casa? Provavelmente. Quando pais e filhos tem o hábito de conversar sobre os mais variados assuntos, cria-se um vínculo de confiança que leva os filhos a contarem as coisas para os pais.
Esse vínculo não é obtido da noite para o dia. Ele leva tempo, tem que ser cultivado, assim como as plantas, com carinho e dedicação, todos os dias. Às vezes só regar e adubar não bastam, é necessário arrancar as ervas daninhas que aparecem, “amigos”, “colegas de escola”. Mesmo uma flor bem cuidada pode ser destruída pelas ervas daninhas. Não devemos permitir que machuquem nossas flores, mas devemos retirá-las com delicadeza a fim de que nós mesmos não as machuquemos.
Diálogo! Não bronca, ou “Cala a boca e me escuta!”. Para existir diálogo tem de existir um locutor e um interlocutor. Se assim não for torna-se um monólogo, chato, desinteressante e enfadonho, em outras palavras... careta! Interessar-se pelo dia do seu filho, saber como foi na escola, no cursinho, saber sobre seus sentimentos. Quebrar tabus, conversar sobre sexo, virgindade, drogas... se ele não aprender em casa, com certeza vai aprender fora dela, e pode ser da pior maneira possível.
Dialogar e não impor... compreender erros e acertos, não diminuir, nem menosprezar, muito menos diante de outras pessoas. Gritos e impaciência afastam qualquer possibilidade de diálogo Abrir-se a confições, apontar os erros com amor para que eles sejam corrigidos Abrir-se também a dúvidas, falar sempre a verdade.
Se o que desejamos é uma família unida, o mais acertado caminho, é pela comunicação. Beijos são mais eficientes que pedras... Maria Madalena que o diga!!!

2 comentários:

  1. Você tocou em um ponto realmente muito frágil. As autoridades elaboram políticas - que acredito ingênuas - para informar a população, como utilidade pública, alegando ignorância do povão. Só, meu caro, como você bem apontou, existem muito mais mistérios entre o céu e a Terra que não são alcançáveis pela nossa vã filosofia. O que leva um médico sanitarista a ser contaminado pelo vírus da aids, por não utilizar preservativo durante o ato sexual, por exemplo? Mais informado do que ele não é possível. Enfim, nós estamos submetidos aos caprichos e ao determinismo do inconsciente - que possúi suas próprias lógicas. Como Freud sempre disse, o nosso eu não é o senhor de sua própria casa. Nossa verdadeira ferida narcísica. Nossa consciência não controla nossos atos. Um grande abraço...

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  2. Oi Alex, muito obrigada pelo post. Adorei seu comentário, mas só para frizar sobre o sanitarista supracitado por você, se você estiver se referindo ao Herbert de Souza, o Betinho, ele se contaminou com o vírus do HIV durante uma transfusão de sangue pois ele era hemofílico.
    Beijos

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