terça-feira, 10 de abril de 2012

Condenados à morte por uma deficiência

Antigamente crianças que nasciam com algum tipo de deficiência eram enterradas vivas, ou jogadas de grandes penhascos ou abandonadas a própria sorte para morrerem. Ainda hoje isso acontece.


O Supremo Tribunal Federal, no entanto, quer acabar com isso. Ao invés de as crianças serem mortas depois de nascer, quer matá-las antes. Será que é para não ouvir ecoar seus choros?

MARCELA DE JESUS

Um ano, oito meses e 12 dias. Esse foi o período de vida de Marcela de Jesus Ferreira, o bebê que nasceu com anencefalia, em Patrocínio Paulista, na região de Ribeirão Preto. 


"Estou tranqüila, não triste, pois eu cuidei dela até quando Deus quis", comentou Cacilda, de 37 anos. Mesmo diante do diagnóstico de anencefalia, no quinto mês de gravidez, sabendo que eram poucas as possibilidades de sobrevivência do bebê, Cacilda decidiu não interromper a gestação. Contra todos os prognósticos, de que viveria algumas horas apenas, Marcela nasceu em 20 de novembro de 2006 e foi um exemplo para a medicina e para as pessoas contrárias ao aborto. "Ela foi um exemplo de que um diagnóstico não é nada definitivo", disse a pediatra Márcia Beani Barcellos, que sempre acompanhou a menina.

VITÓRIA DE CRISTO

Vitória - 2 anos
"Com 12 semanas de gestação, no primeiro ultrassom morfológico, descobriu-se que ela tinha acrania, ou seja, não havia se formado a calota craniana, mas havia se formado cérebro, e podíamos ver claramente o seu cérebro nas imagens. A gravidade desta malformação consiste no fato de que, quando não se forma osso, normalmente os demais tecidos que deveriam se formar acima dele também não se formam, e por isso o seu cérebro estava exposto em contato com o líquido amniótico, e dessa forma teria o seu desenvolvimento prejudicado no restante da gravidez. Isso porque o contato do cérebro com o liquido amniótico, de ph mais ácido, causa morte celular. Por isso o que normalmente ocorre (foram estas palavras que ouvimos) é que a acrania resulta em anencefalia e o bebê morre logo após seu nascimento (o que de fato é o que, infelizmente, normalmente ocorre). E mesmo que não se desenvolva totalmente anencefalia, a infecção é imediata assim que a criança nasce (foi o que também ouvimos dos médicos) e se ela não morrer por anencefalia, morrerá por infecção poucas horas após nascer. Por esse motivo, muitas mulheres que recebem o diagnóstico de acrania para seus bebês são fortemente aconselhadas pelos médicos a abortar, da mesma forma que se tem feito diante de um diagnóstico inicial de anencefalia, lamentavelmente"
"Este ano, a Vitória já é uma linda mocinha de 2 anos, com cabelos mais volumosos que precisam ser presos em chuquinhas bem firmes para não soltar. Já come melhor, tem vários dentinhos, e tem uma personalidade mais forte e evidente. (...) Continuamos enfrentando desafios e conquistando vitórias. Continuamos muito felizes e nos sentimos imensamente abençoados por tê-la conosco, em casa e bem. Mantemos contato com muitos outros pais de crianças diagnosticadas com acrania e anencefalia, e outras deficiências neurológicas graves, no intuito de ajudar e receber ajuda, de dividirmos as alegrias e tristezas. Lidamos com todo o preconceito e desinformação da sociedade e dos médicos. Mas também recebemos lindas mensagens de encorajamento, de pessoas que compartilham o quanto a vida da Vitória tem tocado suas vidas, tem feito diferença e lhes ensinado a ver a vida com outros olhos."

Embora a maioria dessas crianças venha a falecer horas ou alguns dias após o parto, uma pequena parcela recebe alta hospitalar para o convívio com a família, que pode durar alguns meses. No normalmente curto período de sua vida, essas crianças podem receber o amor e carinho de seus pais, avós e irmãos, serem registradas civilmente e, uma vez falecidas, sepultadas dignamente.

Fonte:
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,menina-com-anencefalia-morre-apos-1-ano-e-8-meses,216314,0.htm

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